sábado, 6 de novembro de 2010


Origem

Se fosse perfeito seria perfeito
Se fosse imperfeito, seria perfeito também...
Mas esse nada de nada
essa falta de eco
de abraço
esse gelo que nao derrete no calor
essa falta de amor permanente
é o que um dia já me fez muito triste
mas hoje já nao me derrota mais

A boca dele

Ele estava mesmo falando outra lingua. Se estivesse falando Mandarim, saberia certamente mais que isso que sei agora. Sua boca fala, seu corpo fala, sua mente fala toda para mim. Que angústia nao entender nada. A boca abre e fecha e assume mil formas. O rosto fica grave, as maos crispadas. Um vento sopra lá fora me distraindo...Olho pela janela e percebo que existe mesmo algum sentido na primavera. Mas ele ainda está lá falando, falando... E eu me sentindo envergonhada, pois o fio da meada foi perdido e agora só sei prestar atençao no vento e nessas cores assumidamente felizes que vejo da janela do nosso quarto.

Toca o sino pequenino...

Remo
sozinha
mesmo
só minha
tento
tontinha
achar razao no mundo.

Segundo o que sinto
até segunda ordem
é esse silencio tocando e repetindo
badalando como um sino
a minha sina de ficar sozinha
de ficar só minha
de repente
no grande e imenso vazio da minha mente.

sábado, 25 de setembro de 2010

Ouçam a música que dá nome meu cd. " Para dançar a vida". http://www.youtube.com/watch?v=_u6X0Y5rAyY

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Dia da " Independência"

Sete de setembro me deprime. Uma melancolia quase fascinante e estúpida. Aqueles aviões no céu de Brasília, clima seco, sol forte castigando. Não só por lá, na minha cidade também há comemorações, mas nunca estou lá. Pateticamente sofro e me torturo pela televisão.
O povo, sempre ele, amontoado nas laterais da rua, vibrando ao som das marchas, ao esplendor imponente dos tanques. Crianças e idosos ao som de cornetas.
Mais uma manobra faz um zum deixando mensagens em forma de fumaça. A última foi de coração. A expressão era de emoção coletiva. Pois nada me comove. Assim como não me comove a árvore de Natal da Lagoa.
7 de setembro. O que vamos comemorar? Independência? Pois me digam qual e de quem?

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Talvez seja isso mesmo,
meu romantismo bobo.
Eu e ele e ele comigo.
Aonde e quando ele surgiu em mim?
Ou será que já nasci assim?
Nunca consegui nao acreditar no amor,
Nunca consegui desistir,
sempre caí em sua teia.
Sempre!
Mas sou de um outro tempo
de um outro mundo...
Há uma pureza ainda no que espero.
Assumo" quase delírios", desejos, vontade do simples,
de viver o amor de um jeito aberto, terno, acolhedor...
Saio por aí e e nao vejo.
Saio por aí e nao sinto.
Poucos ainda acreditam na simplicidade,
maos entrelaçadas
um abraço feito de silencio
na DELICADEZA.

sábado, 31 de julho de 2010

Sanidade, me exigem isso agora. Os calmos e controlados me dizem com suas vozes baixas, seus sussurros...Polidez em excesso tentando aparar minhas arestas. Mas quem pode me conter? Mas quem pode se dizer sao? Eu nao jogo meu cerebro no lixo quando rodo a minha baiana nao! Deixem que eu grite um pouco, que ache tudo meio estranho, que nao aceite certas coisinhas. Ai, sem querer ser arrogante, mas acho melhor voces de quando em vez, ouvirem a intuitiva, barraqueira, escandalosa! Posso nao ter aprendido nesse tempo todos os tais " bons modos"necessarios ao convivio, mas deu para entrar um pouquinho e desnudar certas almas. Respeito isso em mim, ainda que seja em vao e ninguem entenda.
Cansa
Cansa ter que explicar tanto...

terça-feira, 25 de maio de 2010

Final Feliz!

Você quer viver no absurdo
No submundo, no abismo
Quer reviver e viver as cenas de um filme clichê...
Pois não serei coadjuvante
Nasci para atriz principal
Mas não de um texto mal escrito
De cenários deprimentes
E falas repetidas.
Quero a surpresa da arte
seu véu envolvente.
Não aceito em minha vida esse resto...
Não estou para migalhas!
Quero uma cena bonita, um mar ao fundo
Certa poesia, música, música, música de verdade!
E por que não dizer que ainda pretendo um FINAL FELIZ?

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Roteiro

DENTRO
BEM DENTRO
BEM FORTE
COMO NO OLHO DO FURACÃO
RODANDO COM FORÇA
ESTOU NO ESCURO DA BOCA DA ONÇA
NÃO NO VENTRE DA MINHA MÃE
SEM ACOLHIMENTO
PRESTES A CAIR
E DESABAR
O VENTO SOPRA LEVANTANDO A MINHA ALMA
TÃO FRÁGIL É A MINHA ALMA
TÃO CHEIA DE CURVAS
QUALQUER UM DERRUBA
QUALQUER UM ME FAZ VER
A MINHA TRISTEZA NESSE ESPELHO
MEU CORAÇÃO CANSADO
MINHAS ESCOLHAS ABSURDAS
MEUS SEMITONS
ESSA CANÇÃO EM MODO MENOR
SEMPRE ATORMENTANDO O MEU ROTEIRO
NESSE FILME PRETO E BRANCO
CINZA, , FRIO E CAFONA.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Um dia marcado

Sangue assustador
aterrorizante
dando sua sentença
me calando a voz, me deixando imóvel
e um mundo rodando...
Não deixa a escolha pela vida
não deixa ela aparecer, vingar, florir!
Como eu queria ter podido conhecê-lo
e isso não acontecerá,
somente se um dia sonhar contigo, um sonho de mãe
dentro da paz azul, um sonho surreal, de imaginação feliz
e infinita
onde veria seu primeiro sorriso para mim.
Apenas, se for agora um espírito ao lado de Deus,
saiba o quanto te amamos, nesse bocadinho de tempo, de forma bonita e forte.
Esteja em paz e em amor em outra dimensão.
Tentaremos ficar bem por aqui na medida do tempo
até que qualquer dia desses, tudo faça sentido.
Continuemos, porque tem que ser assim...

quarta-feira, 31 de março de 2010

Assim é você em mim...

Há em você uma delicadeza
uma beleza aristocrática e
como contraste,
uma simplicidade comovente.
Há em você tudo que gosto
inconstante e permanente,
Sólido e líquido
Pensamento e coração.
Um abraço forte,
um caráter firme.
O samba te leva na avenida
e você vai sambando no chão
apesar de ter a mente valsando nas nuvens.
Rosa dos ventos
Brisa da Guanabara
Vinho na madrugada
Varanda por testemunha
Braços que me apertam
Beijo verdadeiro
Meu belo companheiro
nessa vida insana.
Paz que não sei explicar
Assim é você em mim
Somos eu, você e o mar aberto...
Agora e sempre, amar.
Pois que agora tenho par
para dançar
Para dançar
Para dançar

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O SONO DOS JUSTOS

Eu te observo tão docemente
ao dormir o sono dos justos
quase me acho no céu
e quase posso sentir
que ainda mora uma criança em nós.
Me sinto deliciosamente sem graça
por resistir uma ternura em mim já esquecida
esse meu jeito de te acolher e te velar
me torna mais quem eu sempre fui um dia
e descubro que não foram capazes de me roubar
esse olhar que agora te dou
ainda que você não possa ver.
Não vou atrapalhar seu sono
prefiro vê-lo sonhar
e me deixar levar para outro lugar
em um tempo longe que se refaz.

p/ Fernando

domingo, 31 de janeiro de 2010

Menos passionalidade, menos envolvimento. Devo ser egoísta? O mundo a minha volta está cada vez mais sórdido, cada vez mais me causa náuseas. Se pudesse levar um cajado para o alto de uma montanha, faria agora. Ficaria eu e o céu, e toda a sua imensidão, todo o infinito e as nuvens com suas formas inesperadas. Minha cabeça talvez pudesse ficar vazia, e o meu coração sem impurezas. Descansar. Queria o vento no meu rosto, mas só há por aqui esse calor infernal e essa gente esquisita que não sabe fazer outra coisa que não seja a maldade. Um mundo mentiroso, é o que vejo. Ser adulta me exaure. Há tantos jogos que não sei jogar. Ainda bem! No dia que souber ser tão esperta, serei um nada de gente, não poderei me admirar. Prefiro ser amadora mesmo. Que riam! Querem zombar? Façam. Cuidado apenas, porque graças a Deus, as coisas comigo são imprevisíveis. Nunca fiquei desamparada e há sempre uma curva...sempre!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

“Tudo vai ficar bem”
Realmente é o que me diz, com toda a sua calma
Você deveria estourar com o mundo
E não ser esse homem- bomba
Que explode todas as coisas dentro de mim
E me exige toda a lucidez que eu nunca vou ter
E que ninguém ao nosso redor possui.
Seria até engraçado se não fosse verdade.
Pois estou aqui, como esteio, capacho, agasalho, comida, água
Mas sou por hora tão terrivelmente descartável.
Só não me peça desculpas agora, não, por favor.
Eu não quero nem sua misericórdia, sua compreensão ou pena.
Seria muito pedir apenas respeito pelo que sou, pelo que fui, ou por qualquer coisa parecida?
Mas não sinto isso. Apanha quem está perto mesmo. Quem mandou? Agora agüenta! Fique se puder, vamos ver se não cai com a cara esborrachada no chão. Seja capaz de andar na rua de cabeça erguida, se isso for possível. Tantas porradas bem dadas. Seja forte menina! Seja forte mulher! Agüenta apenas mais uma. Se puder...se puder...

domingo, 17 de janeiro de 2010

ACEITAÇÃO

Antes era Branca de Neve
Agora, posso muitas vezes ser a madrasta.
Não sou má, mas não sou mais aquele saco de pancada.
O oposto do bom, nem sempre é o mal.
Me dei a minha carta de alforria
Libertação!
Hoje falo o que penso e não me negligencio
Não vou aonde não quero ir
Não sorrio para quem tenho asco
Não me permito ser jogada para escanteio
Não ser ouvida, não ser amada.
Convivo com meu lado escuro, que na verdade muitas vezes é o meu lado mais claro.
Nem por isso me tornei grosseira, indelicada ou fria. Apenas me conheço mais e imponho limites para os outros em minha vida. Hoje, sou eu e a minha história, com os erros e acertos cabíveis.
A MANGUEIRA INFÉRTIL

Ouvi um escritor ontem na TV dizer que as pessoas que possuem incontinência verbal, não costumam escrever muito. Eu nem me angustiei, pois não sou escritora e nunca me considerei com tal. Minhas coisinhas são como diários de uma adolescente, embora esteja longe desta idade infernal. No entanto, também não me agrada a proximidade galopante com que estou indo em direção aos quarenta.
Ficaram gravadas em minha memória, talvez seja isso, as palavras de minha amada vó, que falava num tom que era ao mesmo tempo sério, fatalista e cômico: __ A velhice é uma merda!
Pois bem, cá estou usando as minhas palavras tolas e solitárias para me esquivar das tarefas domésticas. Tentativa de não me sentir tão culpada.
É chato lavar louça quando se quer não fazer nada. A mim, agora, me satisfaria deitar em meu sofá e ficar olhando essa mangueira que dá para ver da minha janela da sala. Esse ano, ela não deu uma manga se quer, a pobrezinha. Até que me senti culpada e responsável por isso. Antes de me condenarem pelo que fiz, me entenderão aqueles que tem uma mangueira em seu quintal e não contam com um exército de empregados para limpar os frutos e flores minúsculas do chão . Se não forem varridas, é um tormento. Juntam moscas, abelhas e outros insetos não identificados.
Fato é que me considero com remorso. Ano passado, praguejei tanto, reclamei enquanto espantava abelhas e moscas e limpava as mangas apodrecidas do chão, que até suspeito que a coitada ouviu e ficou inibida e infértil a pobre senhora. Digo senhora, porque já tem quase 100 anos.
Isso foi quase um pecado, afinal, foi quase uma maldição lançada por mim no verão passado. Em minha defesa, apenas posso dizer que não fiz por mal, não queria vê-la assim, tristonha. Tanto é que estou aqui, esperando, esperando... Cadê as minhas mangas queridas, doces, amarelinhas? Já disse a ela em pensamento, que nunca mais reclamarei de limpar o quintal.
Talvez, seja melhor dizer isso em voz alta. Os vizinhos já devem me achar louca mesmo, tanto faz. Xinguei, praguejei em voz alta, pedirei perdão em voz alta também. Talvez me ouça e façamos as pazes. Pobre árvore... Pobre de mim que não sei nada de árvores, muito menos de gente...
Ao menos uma coisa aprendi com isso, a força indiscutível do poder das palavras. Que força!