quinta-feira, 16 de abril de 2009

Quem sou eu?
Quem é você?
é isso que preciso saber
é isso que preciso sentir
sentir- saber
a mente no coração não mente para mim.
Somente um silêncio
e nenhuma resposta.
Somente um silêncio do tamanho das estrelas
e essa chuva que cai
e essa música e seu acordes menores,
e essas tristes notícias na TV,
e essa coragem para ser feliz
que me desiguala...
chega de riso!
quero um vinho,
quero laço
quero livros espalhados
quero apego, abraço,
efeitos do outono em mim.
quero minha minha mãe segurando a minha mão
e outro copo de vinho...

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sóis

Uns olhos escuros
Sem pupila.
Escuros...
Escuros em noite fechada.
E de repente
Nascem dentro deles todas as perguntas,
sem palavras.


E de repente
Quase que me assusto
Naquele escuro imenso...
Pois estrelas luzidias
Nascem em segundos eternos
Para virar canção.

Uns olhos escuros
E cheios de coração,
De vontade de correr o mundo,
De vontade de ficar também,
De vontade de quebrar as regras,
De vontade de dizer amém.

Se fosse tão simples saber
Não seria tão bom descobrir
O que há em ti
Que se faz em mim
Quando estamos sós
Que renasce em nós
Sóis à noite e de dia,
Alegria do que somos
Clareando tudo.

Poemas de Gaveta

Restou-me

Esse cachorro velho

Camisas fora de moda

Uns poemas de gaveta.

O amor quis me jogar na lama,

e jogou.

Restou-me

Esse sorriso farto

Alguns amigos loucos

Uns poemas de gaveta

Não revistos, intocados,

Amarelos, desbotados.

Tão puros e inocentes

Feitos antes da lama, antes

da chama,

Antes de saber seu nome,

Antes de sentir seu gosto.

Restou-me

Alguma dignidade

Mantida a alto preço

Esse cachorro louco

Amigos fora de moda

Camisas velhas

Uns poemas de gaveta

Nunca lidos por ninguém

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Esse mundo aqui é seu

Olhar-te
Em segundos imensos
Nesse tempo que não obedece a razão.
Dizer-te
Em poesias bem intencionadas,
Canções subversivas,
Lirismo barato,
Frases tortas:
Esse mundo aqui é seu.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Corridinho

Adélia Prado


O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muropara o amor desistir.
O amor usa o correio,o correio trapaceia,a carta não chega
amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,desembarca do trem,chega na porta cansadode tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,dorme na sua presença,chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:é descuidar, o amor te pega,te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.