sábado, 12 de dezembro de 2009
Mal- estar
Havia tanto sonho em mim
que mal podia respirar
Agora é essa realidade
Essa claridade
Me jogando na cara as imperfeições da vida.
Não sei o que era melhor, a insanidade na crença no mundo
Ou ver, tudo como sempre foi,
Ou sentir que a esperança é a coisa mais besta que existe
Pq verdadeiramente não há uma saída.
sábado, 24 de outubro de 2009
DA VIDA
Tudo o que disser será óbvio
Então não deveria ser dito
E mesmo assim há essa patologia
Essa necessidade
Esse vício estranho de tentar dissolver angústias.
Acendo o abajur, uma luz indireta me convém
Um uísque também nada mal, mas beber sozinho me arrebenta de culpa e é estranho.
Chet Baker e um sofá
Piazolla em seguida
Não cortarei meus pulsos
Apenas quero escorrer essa tristeza até a última gota
Espremê-la
Tomá-la numa taça
É melhor mesmo ir logo ao seu encontro
Evitá-la seria mesmo inútil
Me sinto sua presa fácil
Um minotauro que a passos lentos, anda calmamente atrás de mim
Com a velha certeza de conhecer todos os meus labirintos
Com a velha certeza que sempre me alcançará
Pois, já aprendi
Não há porque lutar
Me entrego sem me render
Até que tudo vá embora
Como um pequeno tornado
E depois fica aquele silencio e alívio
Um alívio quase-paz
Deixo, venha!
Depressa, venha
Faça logo o seu estrago
Mas me liberta de uma vez
Me consola de uma vez
Me acalma
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Quase alegria
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Alto preço
vão para as estrelas, descem ao inferno
elas saindo e eu acompanhando, perplexa!
vão aliviando minha alma e inquietando meu cérebro
aos que ouvem, bagunçam , destroem, reconstroem, subvertem, acolhem, gritam...
penso se isso é uma grande egoísmo .
por não suportar tanta coisa dentro de mim pulsando,
eu passo adiante, falo, digo com vontade!
Há um espanto e uma beleza nisso tudo
pq depois de um esforço imenso em optar pela claridade
me sinto mais leve, mais humana, mais corajosa.
mas e os que recebem o meu caos?
o que pensarão de mim?
Dessa liberdade que me proponho
e pela qual pago alto preço.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Nenhuma Borboleta Azul
Jujuba
para Juliana Caymmi
sei que ainda
lembra das muitas
vezes em que falamos de
cores de outono
e do frio que te faz suar
os pés ao mesmo tempo
em que sorrir
aquele sorriso hiperbólico
que só sai de suas canções
de seus doces e amores
das vicissitudes de tuas muitas
manias e vontades
repousa no meu colo o
teu gosto e tua pele e
me deixa
ser um
caso antigo
que caso contigo
ou
simplesmente
sibilar valsinhas ao pé do teu
ouvido (besteiras poucas que
sei cantar)
ou
lhe servir de adorno
ou
pelo menos ser o último
toco de guimba da madrugada
Paulo Motta
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Quem é você?
é isso que preciso saber
é isso que preciso sentir
sentir- saber
a mente no coração não mente para mim.
Somente um silêncio
e nenhuma resposta.
Somente um silêncio do tamanho das estrelas
e essa chuva que cai
e essa música e seu acordes menores,
e essas tristes notícias na TV,
e essa coragem para ser feliz
que me desiguala...
chega de riso!
quero um vinho,
quero laço
quero livros espalhados
quero apego, abraço,
efeitos do outono em mim.
quero minha minha mãe segurando a minha mão
e outro copo de vinho...
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Uns olhos escuros
Sem pupila.
Escuros...
Escuros em noite fechada.
E de repente
Nascem dentro deles todas as perguntas,
sem palavras.
E de repente
Quase que me assusto
Naquele escuro imenso...
Pois estrelas luzidias
Nascem em segundos eternos
Para virar canção.
Uns olhos escuros
E cheios de coração,
De vontade de correr o mundo,
De vontade de ficar também,
De vontade de quebrar as regras,
De vontade de dizer amém.
Se fosse tão simples saber
Não seria tão bom descobrir
O que há em ti
Que se faz em mim
Quando estamos sós
Que renasce em nós
Sóis à noite e de dia,
Alegria do que somos
Clareando tudo.
Poemas de Gaveta
Restou-me
Esse cachorro velho
Camisas fora de moda
Uns poemas de gaveta.
O amor quis me jogar na lama,
e jogou.
Restou-me
Esse sorriso farto
Alguns amigos loucos
Uns poemas de gaveta
Não revistos, intocados,
Amarelos, desbotados.
Tão puros e inocentes
Feitos antes da lama, antes
da chama,
Antes de saber seu nome,
Antes de sentir seu gosto.
Restou-me
Alguma dignidade
Mantida a alto preço
Esse cachorro louco
Amigos fora de moda
Camisas velhas
Uns poemas de gaveta
Nunca lidos por ninguém
quinta-feira, 9 de abril de 2009
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Adélia Prado
O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muropara o amor desistir.
O amor usa o correio,o correio trapaceia,a carta não chega
amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,desembarca do trem,chega na porta cansadode tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,dorme na sua presença,chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:é descuidar, o amor te pega,te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.
segunda-feira, 30 de março de 2009
domingo, 22 de março de 2009
Resolvi espantar o pó
Abrir as janelas para o sol espalhar luz
Clarear os cantos sombrios, intocados, guardados...
Calar pensamentos soltos,
Matar fantasmas do tempo.
Em poucos momentos obtive êxito no êxodo.
Visitei outros lugares,
Provei outros beijos,
Tentando em desespero patético
Fugir de nossa magia cristalizada.
Desrespeitei as regras que inventei
De te conservar pra sempre.
E até pensei que fosse livre...
Mas quando vi a foto que você sorria
Como um menino de olhinhos fechados
Me transbordou a saudade
Onde seu sorriso mora agora a todo instante.
Já não tenho como lutar
Jogo a toalha
Não tenho armas
Sinto o gosto de sua falta
E não chega a ser amargo
Pois ainda há esperança.
Foi difícil perceber
Que ainda não vou aonde quero
Ainda não mando em mim
Ainda te espero.
SENTIDO
Lá vai o trem cortando
uma estrada dentro de mim.
Lá vai o trem e eu não digo nada.
calo na melancolia da paisagem, imagem que me invade
tecendo mistérios ...
chove uma chuva bem fina e constante
tocam uma música em tom menor.
depois, um tambor de Folia desmarca o tempo.
um menino tenta andar sem rodinha em sua bicicleta mas
rala o joelho no chão.
um velho me vigia na soleira da porta de uma casa azul.
um pôr de sol lilás atrás do monte
dentro de mim...
Ao longe, bem ao longe,
ouço o meu coração batendo.
ao longe, bem ao longe
uma canção compassada que se aproxima me enredando...
ouço seu riso que tanto preciso esquecer...
corta a quietude da estrada e até o barulho do trem.
Sua presença pára a chuva e
levanta o menino do chão.
O Velho na soleira apenas entende o que viu tantas vezes e sorri como se fosse me dizer : não tem jeito.
quinta-feira, 19 de março de 2009
Vander Lee
Composição: Vander Lee
Estou aqui mas esqueci.
Minha alma num hotel
Meu coração na caneta
Meus desejos num papel
Eu vinha sem retrovisor
Um rosto estranho me chamou
E a minha pele não me coube mais
A sorte veio e me encontrou
Na corda bamba do amor
Meus dias nunca mais serão iguais
Estava ali, me confundi
Pensei que fosse o céu
O azul do mar me chamou
E eu pulei de roupa e de chapéu
A onda veio e me levou
Desse lugar e agora eu souUma ilusão,
a solidão é meu troféu
Aquela foto amarelou
O riso no meu camarim
Felicidade bate a porta
e ainda ri de mim
terça-feira, 10 de março de 2009
Eu vim dançar
com ou sem par.
Eu vim viver
e estrear a cada instante.
Amante do palco
eu sigo adiante
com música, harpa e sonhos.
Quero as minhas melhores risadas
as gargalhadas
soltas em mim.
Sou assim
e acho graça
no sorvete da esquina
na menina que sou
quando já não sou menina.
Sou assim,
e acho graça
no sol de manhã
na estrela cadente
no" jogo do contente'
no confete, na cuíca.
Na valsa de fim de tarde
cultivo a melancolia
que dança por pouco tempo em meu pensamento
mas resolve tudo que há...
Sou assim
e acho graça
Sou assim
Feita para mim
Com dor, alegria ou ferida
eu vim para dançar a vida.
quarta-feira, 4 de março de 2009
segunda-feira, 2 de março de 2009
Elas dizem mais que qualquer parte da gente
quando se entrelaçam.
Conversam, dançam, queimam.
A minha e a sua, juntas.Quanta intimidade misturada...
Se tocam, se apertam, e ficam no silêncio, às vezes.
Na delícia constrangida do silêncio das palavras,
quando nossas bocas ficam mudas,
é quando repousam nossas mãos.
Se aquecem com força, num aperto solene
e se calam no tempo,
tentando tocar a eternidade.
De Juliana Caymmi
De noite na rua em frente ao parque
A minha solidão é sua
De certo sei que vc vaga em qualquer parte
Sob essa fada lua
A noite esconde as cicatrizes
Esconde as carícias e os maus tratos
De noite alguém de certo lhe ampara
Por onde hoje vc anda
Mas sem olhar sua ciranda louca daquele jeito
Ele desmascara
A noite esconde as cicatrizes
Esconde as carícias e os maus tratos
Agora bêbada vc estremece
Como se ainda não soubesse
Em frente a porta desse bar em que embarca
Sob essa vaga lua
E a luz da lua pura nitidez da marca
Mais nua, mais clara, mais crua