quarta-feira, 14 de maio de 2008

O Conforto Dos Teus Braços
Composição: João Linhares

Oito horas de vôo num concorde Cinco dias num barco mar adentro Sete noites dormindo ao relento Sete ciganas lendo a minha sorte Quatro dias, em pé, no tremDa morte Vinte léguas montado num jumento Sete mil flores no meu pensamento E eu trilhando os últimos espaços Pra ficar no conforto dos teus braços Qualquer coisa no mundo eu enfrento Valentia de pai ou de irmão Concorrência com o astroDo momento Temporal, tempestade, chuvaE vento Holocausto, hecatombe e tufão Desemprego, palestra e sermão Tititi, coqueluche, casamento Pé de ponte, mansão, apartamento Paparazzi, sucessos e fracassos Pra ficar no conforto dos teus braços Qualquer coisa no mundo eu enfrento Ladroíce, mutreta, malandragem Álcool, droga, barato, passament oAmnésia, larica, esquecimento Roubalheira e má politicagem Cabaré, palacete, sacanagem Fome, greve, motim,Acampamento Confusão, batalhão, fuzilamento Reclusão, solidão, sonho Aos pedaços Pra ficar no conforto dos teus braços Qualquer coisa no mundo eu enfrento

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Naufrágio

Se eu tivesse assim
bem dentro da sua alma
poderia estar calma
como aquele riachinho
que passa bem de mansinho
enfeitando a natureza.
não estaria velha
nem me olharia de canto
ao passar no espelho.
seria a própria beleza
e toda a sua certeza no mundo
nao teria mil perguntas
me cortando pelo meio
nem de noite, pesadelos
nem de dia, calafrios
nem desvarios, nem arrepios
nem navios naufragando
nem luzes apagadas, nem portas fechadas,
nem o uivo de um vento sombrio
dentro do meu pensamento.
Te tiengo miedo

terça-feira, 6 de maio de 2008

Ele me dirá que sou imatura
Que sou das marés
Que sou das alturas
Que não me mantenho com os pés no chão
Que sou um vulcão com o meu calor, com o meu pavor da solidão
Que sou um coração antiquado, de velhos modos e crenças
Que é quase uma doença essa coisa de paixão
Estar na mão do outro, contar estrelas, dançar na chuva
Sorrir sem medida, ter fé no mundo, e tudo em vão...
Ele me dirá que não devo ser tão menina
E que meus sonhos são de novela
E que isso tudo só acontece com as donzelas
Dos contos medievais
Ele me dirá, se for capaz,
Que esse absurdo do meu sentir
É na verdade o que lhe encanta em mim
É na verdade o que espanta e atrai
Mas isso se puder admitir
E se render a beleza e incerteza que só o amor traz.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

É necessário saber dissimular com as pessoas que têm vergonha de seus sentimentos; concebem um ódio repentino pela pessoa que as apanha em flagrante delito de ternura, de entusiasmo ou de nobreza, como se seu santuário secreto tivesse sido violado. Se quereis ser-lhes benéficos nesse momento, fazei-as rir ou tratai de lhes sugerir, brincando, alguma fria maldade: seu humor gela e dominam-se." (Friedrich Nietzsche)