quarta-feira, 1 de abril de 2009

Corridinho

Adélia Prado


O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muropara o amor desistir.
O amor usa o correio,o correio trapaceia,a carta não chega
amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,desembarca do trem,chega na porta cansadode tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,dorme na sua presença,chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:é descuidar, o amor te pega,te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.

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