DA VIDA
Tudo o que disser será óbvio
Então não deveria ser dito
E mesmo assim há essa patologia
Essa necessidade
Esse vício estranho de tentar dissolver angústias.
Acendo o abajur, uma luz indireta me convém
Um uísque também nada mal, mas beber sozinho me arrebenta de culpa e é estranho.
Chet Baker e um sofá
Piazolla em seguida
Não cortarei meus pulsos
Apenas quero escorrer essa tristeza até a última gota
Espremê-la
Tomá-la numa taça
É melhor mesmo ir logo ao seu encontro
Evitá-la seria mesmo inútil
Me sinto sua presa fácil
Um minotauro que a passos lentos, anda calmamente atrás de mim
Com a velha certeza de conhecer todos os meus labirintos
Com a velha certeza que sempre me alcançará
Pois, já aprendi
Não há porque lutar
Me entrego sem me render
Até que tudo vá embora
Como um pequeno tornado
E depois fica aquele silencio e alívio
Um alívio quase-paz
Deixo, venha!
Depressa, venha
Faça logo o seu estrago
Mas me liberta de uma vez
Me consola de uma vez
Me acalma
2 comentários:
"mas beber sozinho me arrebenta de culpa"
puta que pariu!! muito foda isso!!!
beber contigo me aliviaria
das incertezas
e promessas
e me levaria
aos meios
e aos termos...
mil bjs com saudade
não canso de ler!!!
bjs
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